quinta-feira, 5 de novembro de 2009

As bruxas de Ongayo


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Pintura de Francisco Goya, intitulada "Aquelarre" (1797-1798).

Dizem que havia bruxas em Cantábria!

Entre gargalhadas, soltavam o gado dos estábulos, enervavam os moradores das casas, costumavam provocar ou piorar incêndios. As grávidas deviam ter muito cuidado, pois ao menor descuido, lançavam-lhe um mau-olhado. Para evitar, deviam colocar nas casas réstias de alho ou ramos de cardos. Dizem quem crê que, durante a noite, percorriam os pueblos de Cantábria e faziam todo tipo de maldades que pudessem.

Estas bruxas voadoras só tinham poder entre os mortais no período de tempo por volta da meia noite, a chamada hora da bruxa. Também julga-se que tinham poder sobre o clima, sendo capazes de provocar grandes chuvas com o sol brilhando no céu. É o chamado sol das bruxas que todo mundo já viu alguma vez na vida.

Nem todas as bruxas eram más. Algumas eram curandeiras e faziam misturas de ervas para entregá-las aos doentes que confiavam nelas. Havia as que viviam nas montanhas, as quais eram respeitadas por seu grande conhecimento. Como julgava-se que fossem parentes do diabo, o povo as consultava com freqüência para beneficiarem-se de suas artes. Outras são feiticeiras, encantadoras ou adivinhas, afinal, há de tudo.

As bruxas de Ongayo todo sábado à noite urinavam nas cinzas das lareiras gritando:

- Sem Deus e Sem a Santa Maria, pela chaminé acima!

Assim, saíam voando em um verdadeiro enxame em suas vassouras, ou transformadas em corujas. Durante séculos, em uma caravana misteriosa, uma tropa de feiticeiras e magas voavam pelos céus da tierruca rumando para lugar certo e conhecido de todos. A sabedoria popular manteve até os dias atuais na memória oral, o conhecimento da existência desta rota proibida e mágica que tinha como inicio Ongayo, e como meta Cernégula, um pueblo de Burgos.

Neste local celebravam suas reuniões e ritos bruxólicos, ao redor de um espinheiro. Estas reuniões não chegavam a ser sabbats. As bruxas cantábricas untavam-se com uma mistura de ervas que lhes provocaria visões, dizem, agradáveis. Junto a estas reuniões, realizavam alegres e agitados bailes, que terminavam com um mergulho nas gélidas águas de uma lagoa local, conhecida como Charca de Cernégula.

Outras eram mais afoitas, e voavam meia Espanha, amanhecendo em Sevilha, aos pés da Torre del Oro.

Diz uma outra lenda local de Cernégula que por um dos pueblos que já não existem mais, passavam homens com seus animais para que bebessem nas águas das lagoas. Mas uma vez, inexplicavelmente, sumiram todos os animais. De boca em boca, correu a história de que foram as bruxas que chegavam de Cantábria que fizeram desaparecer os animais.

Quando retornavam de suas reuniões em Cernégula, formavam uma espécie de conclave, no qual exigia-se que todas as bruxas relatassem as maldades que cometeram durante a semana.

E assim seguiam suas vidas maléficas, celebrando seus sabbats em Ongayo, festejando em Cernégula mergulhando em sua lagoa, ou chegando a Sevilha, sabe-se lá para que maldades.


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